O Prêmio Nobel de Literatura de 2014 ficou com o francês Patrick Modiano, 69. Filho de um judeu de Alexandria e de uma comediante belga que se conheceram durante a ocupação nazista na França (1940-44), Modiano teve ressaltada pela Academia Sueca a sua habilidade de trabalhar com a memória e de resgatar esse período sombrio da Segunda Guerra Mundial. Décimo primeiro francês a conquistar o prêmio, o escritor vai receber 8 milhões de coroas suecas (2,67 milhões de reais).
"O vencedor do Nobel de Literatura este ano é o francês Patrick Modiano, pela arte da memória, com a qual evocou os destinos humanos mais incompreensíveis e descortinou ao mundo a vida na ocupação", diz o texto do anúncio oficial da Academia Sueca feito às 13h em Estocolmo (8h no horário de Brasília). Modiano costuma dizer que sua memória teve início antes de seu nascimento, em referência à relação de seus pais, amantes clandestinos em um território ocupado.
Autor de livros como Dora Bruder, Meninos Valentes, Ronda da Noite e Do Mais Longe do Esquecimento, lançados no Brasil pela Rocco, Modiano é muito popular na França, onde é considerado um dos autores mais importantes da atualidade. Vive em Paris e faz da cidade cenário recorrente em seus textos. Já na língua inflesa, segundo o site do jornal britânico The Guardian, ele não tem tradução.
“Modiano tem cerca de 30 livros, a maioria romances. São obras muito curtas que se constituem em variações de um mesmo tema, a memória da perda, a relação entre identidade e memória”, disse o escritor e historiador sueco Peter Englund, secretário da Academia Sueca, em entrevista após o anúncio do prêmio. "São livros curtos e pequenos, não são difíceis de ler, você pode ler um à tarde e outro depois do jantar. Mas são muito bem escritos, muito elegantes."
Modiano também tem trabalhos no cinema. Ele aparece como roteirista nos créditos dos filmes Viagem do Coração (2003), de Jean-Paul Rappeneau, Lacombe Lucien (1974), de Louis Malle, Le Parfum d'Yvonne (1994), de Patrice Leconte, e Une Jeunesse (1983), de Moshé Mizrahi, os dois últimos adaptados de obras suas. E, de acordo com o site especializado em cinema IMDB, o autor também atua. Ele apareceu ao lado Catherine Deneuve em Genealogias de um Crime (1997), de Raoul Ruizfilm.
Fonte: Revista VEJA - 09/10/2014 - 08:06
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