El País - WINSTON MANRIQUE SABOGAL - Madri 23 de setembro de 2014
Com o mar de Lanzarote à esquerda e o jardim de sua casa à frente, debruçados em duas janelas, José Saramago começou a escrever o romance que deixou inacabado e que verá a luz no dia 1 de outubro:Alabardas (Editora Alfaguara). Foi escrito em uma das salas de sua casa, em uma poltrona cor de telha rodeada de tons verdes onde nunca havia escrito um livro antes. Onde –para um tema como o da indústria de armamentos e o tráfico de armas– continuou a exploração de dois rumos literários: mais depuração no escrito e mais senso de humor e ironia.
O Nobel português (Azinhaga, 1922-Tías, Lanzarote, 2010) aborda o negócio armamentista, sim, mas também fala ao leitor, o interpela, conta-lhe uma história e nela lhe pergunta sobre sua posição e responsabilidade moral diante dessa situação. Ou, como diz o poeta e ensaísta Fernando Gómez Aguilera, “põe o dedo na consciência para incomodar, inquietar e depositar no âmbito pessoal o desafio da regeneração: a eventualidade, embora cética, de perceber a alternativa de um mundo mais humano”.
O romance aborda o negócio
armamentista, sim, mas
também fala ao leitor,
o interpela, conta-lhe uma
história e nela lhe
pergunta sobre sua posição e responsabilidade moral
diante dessa situação
armamentista, sim, mas
também fala ao leitor,
o interpela, conta-lhe uma
história e nela lhe
pergunta sobre sua posição e responsabilidade moral
diante dessa situação
Tudo começou a tomar corpo em 15 de agosto de 2009, depois da publicação de Caim, com a primeira anotação de trabalho: “É possível, quem sabe, que talvez possa escrever outro livro. Uma antiga preocupação (por que nunca houve uma greve em uma fábrica de armas)”. Chegou a escrever três capítulos que deixou em seu computador, com cópias impressas em uma pasta vermelha sobre a escrivaninha. E em outro documento de word deixou esboçada parte da história protagonizada por artur paz semedo que “trabalha há quase vinte anos no serviço de faturamento de armamento leve e munições de uma histórica fábrica de armas”. Um homem separado da mulher, “não porque ele o tivesse querido, mas por decisão dela, que, por ser convicta militante pacifista, acabou não podendo suportar nem um dia mais se sentir ligada pelos laços da inevitável convivência doméstica”.
"Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!", romance contra o tráfico de armas, é a obra póstuma do prêmio Nobel José Saramago publicada nesta terça-feira em sua terra natal e que será lançado dia 27 de outubro no Brasil, pela editora Companhia das Letras.
"Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!", romance contra o tráfico de armas, é a obra póstuma do prêmio Nobel José Saramago publicada nesta terça-feira em sua terra natal e que será lançado dia 27 de outubro no Brasil, pela editora Companhia das Letras.
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